De 12 de abril a 12 de maio está
acontecendo em várias cidades do País, o “Comida Di Buteco”, concurso de
petiscos que movimenta os botecos e botequins Brasil a fora.
Este ano conta com um detalhe super
bacana: todos os petiscos concorrentes devem ter lingüiça e mandioca em sua
composição.
Simpatizei bastante com essa
ideia de dar uma injetada de fama na nossa velha macaxeira, já que acho que
temos uma dívida histórica com esse insumo pra lá de eclético e saboroso!
A macaxeira é tão eclética, que
já começa com os vários nomes que ela possui: na região norte e parte do
sudeste é mandioca, no sul e em outra parte do sudeste, aipim, além de outros
bem peculiares como maniva,
pão-de-pobre, macamba, uaipi e pau-de-farinha, dentre outros.
Além da variedade de nomes, o
ecletismo dela também se dá na quantidade de iguarias possíveis. Vai desde a velha
farinha d’água (somente apreciada no Maranhão), passando pela tapioca, bolos,
pudins e uma infinidade de bolinhos, tortinhas, frita em forma de palitos, além
de purês e uns “mexidos”.
Originalmente cultivado no Brasil
na região Norte, o tubérculo é produzido em vários outros países, como a
Nigéria, e também em países da América Latina como o México. No Brasil, a
macaxeira é aproveitada desde que os índios começaram a cultivá-la disseminando
sua cultura pelo resto do país, com maior apreciação nas regiões Norte e
Nordeste.
É um dos itens principais das
cestas básicas dos mais pobres da parte setentrional do Brasil, assim como o
fubá ou polenta é para a parte meridional. É um alimento barato, de fácil
cultivo, de colheita rápida, apenas com o manuseio um tanto difícil, mas de
fácil assimilação.
Os alimentos feitos com essa raiz
possuem uma concentração nutricional elevada e esse insumo poderia, nutricionalmente
falando, ser aproveitado no Brasil com o milho é nos Estados Unidos, dadas as
suas limitações e reservas, é claro. Ninguém quer aqui população obesa, pelo
amor de Deus!
Mas dívidas com a macaxeira à
parte, não dá para censurar um país que não tem culpa do tamanho que tem e de
ser tão diverso em suas questões culturais e alimentares, não é mesmo?
Nos interiores do Estado do
Maranhão, por exemplo, a macaxeira depois de colhida, fica mergulhada em águas
rasas dos rios (pra não falar “bem na beirinha”) por muitas horas até que
esteja bem mais molinha para facilitar a retirada da casca. Só então as casas
de farinha começam a transformá-la no segundo principal alimento do maranhense:
a farinha! (Mas sobre isso, falaremos em outro texto...).
Na região amazônica, precisa-se
cozinhar por uma semana as folhas para retirar o veneno. As folhas cozidas e
acrescidas de ingredientes como carnes, transformam-se em um dos principais
pratos da região: a maniçoba. Vejam a diversidade!
Acho que o concurso Comida Di
Buteco pode sim, representar uma nova página para a macaxeira, embora já seja
muito fácil encontrá-la nos cardápios dos botecos. Quem nunca comeu um
escondidinho de carne seca com purê de mandioca? E macaxeira frita para
acompanhar uma cerveja? Pois é!
É uma pena que São Luís não
esteja participando do concurso. Acho que faríamos coisas incríveis com
macaxeira e linguiça! Com o slogan “Buteco é a verdadeira rede social”, que
concordo absolutamente com a afirmação, várias cidades estão participando. Aqui
em São Paulo é fácil ver as bandeirinhas de papel penduradas nas portas dos
bares anunciando que aquele bar é participante. São bolinhos, pastas, massas,
saladas, canapés e até cuscuz. Uma delícia!
Lá por casa, como boa nordestina,
costumo comer macaxeira cozida com manteiga. Como não tomo café, o acompanhamento
costuma ser uma xícara de chocolate quente. Para mim, é o jeito mais gostoso de
comê-la!
Para quem quiser saber mais é só
acessar aqui!
Jornal Cazumbá, maio de 2013.
Comentários
Ia ser uma delícia!
Deu até água na boca...
Beijos andarilhos!